Produtos vegetais em investigações biomédicas: as quinonas

Quinonas em Investigações Biomédicas

Em artigos anteriores deste blog já discutimos a importância que têm os princípios ativos de plantas em investigações biomédicas, destacando os seguintes:

Consideram-se princípios ativos de origem vegetal todos os compostos que são extraídos das plantas e que, ao serem administrados num organismo, provocam alterações no mesmo.

As quinonas encontram-se no grupo dos princípios ativos de origem vegetal mais utilizados em aplicações biomédicas. Estes compostos são metabolitos secundários das plantas, ou seja, são obtidos no decurso das reacções metabólicas que ocorrem nos organismos pertencentes ao mundo vegetal, mas não são indispensáveis para a sua sobrevivência. No caso das quinonas são compostos aromáticos que se obtêm por oxidação de grupos hidroxilos aromáticos. Estes compostos também são denominados fitoquímicos, pelo facto de que se encontram nas plantas mas não têm valor nutritivo.

As quinonas podem ser classificadas segundo o núcleo aromático que forma parte da estrutura molecular. Desta forma podemos encontrar, por exemplo, naftoquinonas, caso tenha um anel de naftaleno; fenantraquinonas, nas moléculas em que os restantes grupos funcionais aparecem unidos a um anel de fenantreno; e assim sucessivamente antraquinonas, benzoquinonas, antraciclinonas, entre as quais as tetraciclinas são muito conhecidas pela sua acção antibiótica, entre outras.

Neste artigo iremos descrever a acção de algumas das quinonas que podemos encontrar nos catálogos da empresa Wako. À semelhança do resto dos reagentes para laboratório que a empresa comercializa todas elas são vendidas para uso exclusivo em investigação.

Barbaloína

A barbaloína ou aloína A pode ser encontrada na Wako tanto pura como em forma de crude (Aloin crude) misturada com o diasteroisómero B. Estes princípios ativos obtêm-se das diferentes espécies da família de plantas de Aloé. A barbaloína pode ser usada como controlo do Aloé nas diferentes técnicas analíticas. O Aloé Vera é uma das plantas mais utilizadas pelas suas propriedades medicinais, que são conhecidas desde há milhares de anos. A barbaloína é investigada na biomedicina fundamentalmente como laxante, como anti-inflamatório e para o tratamento de doenças dermatológicas.

Chiconina

A chiconina por sua vez tem efeito antibiótico contra estirpes de Pseudomonas aeruginosa e Stenotrophomonas maltophilia, por exemplo. Este composto pode ser adquirido na Wako de forma pura ou misturado com o seu isómero óptico, a alcanina, tal como é extraído das raízes da Perennial murasaki, planta oriunda de países asiáticos. Para além da sua conhecida acção antimicrobiana, a chiconina também foi apontada como princípio ativo útil para o tratamento da inflamação, regeneração da pele e ainda destacado o seu efeito antitumoral.

Plumbagina

A plumbagina, também denominada de plombagina, é uma naftoquinona de origem natural que pode ser isolada das raízes do Plumbargo Europeu e de outras plantas como a Juglans Regia, J. Cinerea e J. Nigra. O estudo deste princípio ativo centrou-se fundamentalmente nas suas propriedades anti-apoptóticas. Foram estudados os efeitos da plumbagina em tecidos celulares de diferentes tipos de tumor (cólon, língua, tumor linfóide, entre outros) observando-se que promove a autofagia das células cancerígenas.

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Vitamina K1

Outra quinona com efeitos medicinais é a vitamina K1, que pode ser encontrada em vegetais de folha verde, como a couve de bruxelas ou o bróculo. A grande importância desta molécula no organismo é o papel que tem na coagulação sanguínea, pelo que é receitada a pacientes com défice deste composto. Também é usada como complemento em tratamentos de doenças circulatórias, urticárias, varizes e para a cicatrização. A vitamina K1 é um suplemento que se administra em muitos países aos recém-nascidos para evitar hemorragias.

Estes são alguns exemplos da grande quantidade de quinonas às quais foi comprovada a sua atividade biológica e que fazem parte da grande quantidade de substâncias usadas na biomedicina que têm origem vegetal.

Bibliografia:

1) Patel D, Patel K, Tahilyani V., Asian Pacific Journal of Tropical Biomedicine. 2012; 2(10), 835-838.

2) Ding, X.; Yin, B.; Qian, L.; Zeng, Z.; Yang, Z.; Li, H.; Lu, Y.; Zhou, S., J. Med. Microbiol. 2011, 60, 1827–1834.

3) Pan ST, Qin Y, Zhou ZW, et al., Drug Des Devel Ther, 2015, 9, 1601-26.

4) Shearer MJ, Fu X, Booth SL., Adv Nutr. 2012, 1, 3(2)

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