Produtos vegetais em investigações biomédicas: os alcalóides

Os Alcalóides em Investigações Biomédicas Os alcalóides são substâncias básicas nitrogenadas que se encontram nas plantas, a fim de serem usadas como mecanismo de defesa. Por esta razão muitos alcalóides têm efeitos tóxicos nos animais e no Homem. Não obstante, muitos alcalóides também são usados com fins medicinais. A variada actividade biológica dos alcalóides começou a ser estudada no século XIX, e rapidamente estes compostos começaram a ser usados na Medicina, onde substâncias como a morfina e a codeína começaram a ser utilizadas como anestésicos e analgésicos.

Os efeitos mais conhecidos dos alcalóides de origem vegetal são os efeitos sobre o sistema nervoso central. Os fins terapêuticos para os quais têm sido usados os alcalóides são vastos: utilizam-se alcalóides para aliviar diferentes tipos de dor, foram utilizados durante séculos antes de serem isolados como anestésicos e alguns estão a ser investigados, actualmente, para o tratamento de distúrbios neurodegenerativos e neuropsiquiátricos. A cafeína e a teofilina são dois alcalóides estimulantes de uso muito frequente na população em geral, são consumidos ao ingerir café e chá respectivamente. A morfina é um dos alcalóides que pertence a este grupo, mas, em vez de estimulante, é um agente depressor do sistema nervoso central, sendo usada como analgésico em pacientes que sofrem dores muito intensas.

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Outro dos usos que têm os alcalóides que exercem efeitos sobre o sistema nervoso central é o seu consumo como drogas de abuso, ao serem os agentes psicotrópicos mais conhecidos. A maioria das substâncias conhecidas como drogas são alcalóides, entre as mais populares estão as anfetaminas e a cocaína. A anfetamina e os seus derivados são compostos que actuam sobre os receptores adrenérgicos e têm efeitos estimulantes, pelo que desde o século passado começaram a ter uso recreativo.

Entre as doenças mais estudadas actualmente encontra-se o cancro. Existem muitos tipos de cancro, assim como de causas que podem provocar o aparecimento destes em pessoas. Os investigadores realizam grandes esforços para determinar os mecanismos mediante os quais se desenvolve o cancro, assim como a sua cura. Alguns dos compostos nos quais se detetaram atividade anti-cancerígena são alcalóides extraídos de plantas, como por exemplo:

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  • Camptotecina: A camptotecina é um dos alcalóides mais estudados pelo seu efeito anti-tumoral. Modificações na sua estrutura deram lugar a outros fármacos anti-cancerígenos como a topoteca e o irinotecano
  • Vinblastina: é um alcalóide derivado da Vinca que foi usado no tratamento de linfomas malignos e pode ser comprada como sulfato para ser usado na análise por HPLC e outros usos que precisem de um alto grau de pureza.
  • Vindesina: A vindesina, que é vendida como sulfato, é também derivado da Vinca e é utilizada, por exemplo, para tratamentos de cancro de pulmão.
  • Vinorelbina: esta substância é comercializada pela Wako na forma de ditartrato e é activa contra câncros de pulmão e de mama.

Os alcalóides também podem ser venenos muito fortes e são usados como pesticidas e também como anti-fúngicos e anti-parasitários. Alguns dos alcalóides tóxicos mais potentes são a aconitina e a estricnina. Com o objectivo de usar como controlo de aconitina e algumas outras moléculas similares, a Wako distribui o “Aconitum diester alkaloids standard”, que, à semelhança do resto dos produtos da empresa, é para ser utilizado exclusivamente para fins de investigação.

Bibliografia:

1) Newman DJ, Cragg GM, Snader KM., Nat Prod Rep, 2000; 17: 215-234.

2) Carlini, E. A., Pharmacology Biochemistry and Behavior, 75, 3, 2003, 501–512.

3) Imaizumi M., Lung Cancer 2005; 49: 85-94.

ALGUNS REAGENTES EXTRAÍDOS DE PLANTAS:

Piperlongumine Mangostina Mangostina
Piperlongumine Mangostina Mangiferina