O crescimento de tumores está associado a diferentes mecanismos como a divisão celular, a síntese de ácidos nucleicos, a replicação e transcrição do ADN e a regulação hormonal dos processos anteriores. Assim sendo, a terapia anticancerígena visa inibir estes processos. Muitos fármacos anticancerígenas interpõe-se no ADN impedindo a sua replicação, outros têm uma ação anti-mitótica, ou seja impedem a divisão celular através da mitose, e outros, atuam ainda, sobre a biossíntese de moléculas e recetores implicados na oncogénese.
Para regular o crescimento dos tumores utilizam-se diferentes fármacos e, neste artigo, descreveremos alguns reagentes biológicos que são empregues com este fim. Todas estas substâncias têm em comum a sua origem natural e serem comercializados pela empresa Wako, para a sua utilização em bioquímica, medicina e outros ramos relacionados com a investigação dos processos carcinogénicos.
É conhecido como paclitaxel o alcaloide diterpénico produzido por um fungo endófito do Taxus brevifolia, uma árvore pouco comum da zona do Norte do Pacífico. A princípio chamou-se a este alcaloide Taxol, nome com o qual ganhou reputação enquanto fármaco. É um dos anticancerígenas mais utilizados no tratamento do cancro da mama quando se metastiza, o cancro do ovário num estado avançado, o sarcoma de Kaposi, entre outros. As células na presença do paclitaxel não podem efetuar a divisão celular da maneira normal, uma vez que o composto provoca anormalidades na formação do fuso mitótico impedindo a correta ligação dos cromossomas que acabam por tornar as células tumorais apoptóticas.
O docetaxel é um promotor da apoptose em células cancerígenas. É um fármaco semissintético, de origem biológica, podendo ser extraído do Taxus baccata, que pertence à família da árvore da qual se obtém o paclitaxel. Esta árvore, encontrada sobretudo na Europa é muito mais fácil de encontrar que o Taxus brevifolia, pelo que o docetaxel se produz com maior facilidade do que o paclitaxel. O seu mecanismo de acção baseia-se no incremento da fosforilação das proteínas anti-apoptóticas Bcl-2 que ativam o fator p53 e provocam a apoptose, impedindo o crescimento do tumor. Este composto é mais eficaz do que o paclitaxel no tratamento de tumores, pelo que é muitas vezes substituído em terapias específicas.
A vimblastina, assim como a vincristina, a vindesina e a vinorelbina, são alcaloides que se obtêm a partir da vinca de Madagáscar (Catharanthus roseus), também conhecida como vinca-de-gato, boa-noite ou beijo-da-mulata. Estes alcaloides estão entre os fármacos mais utilizados para o tratamento do cancro. A sua eficácia como anticancerígenos baseia-se na interação com a tubulina, uma vez que a sua união provoca a perda de função dos microtúbulos do fuso mitótico. A vimblastina é utilizada para o tratamento de linfomas malignos e outros tipos de cancro. Pode ser utilizada em quimioterapia juntamente com outros fármacos, já que não provoca resistência cruzada, por exemplo, com agentes alquilantes do ADN.
A vincristina é outro alcaloide natural derivado da Vinca, indicado para o tratamento da leucemia, os linfomas Hodgkin e não Hodgkin e diferentes tipos de cancro pediátrico. Os principais efeitos colaterais que provoca são a dor neuropática e a neuropatia periférica, pelo que em alguns pacientes se tem de interromper o tratamento apesar da sua eficácia como anticancerígena. Atualmente estudam-se diferentes alternativas para que a utilização deste fármaco não produza efeitos indesejados, por exemplo pode-se mencionar a administração da bleomicina juntamente com a vincristina.
A vindesina atua de maneira semelhante à vimblastina, uma vez que é um derivado sintético desta. Sabe-se que é eficaz para evitar o crescimento de tumores muito diferentes como o melanoma maligno, os tumores pediátricos sólidos, o cancro do pulmão, da mama, colorrectal e do esófago.
A curcumina, isolada da Curcuma longa, espécie originária da Índia, é um corante utilizado em muitas cozinhas do mundo. Há já alguns anos, foram iniciadas investigações para o estudo do possível efeito anticancerígena desta substância natural. A curcumina é capaz de modelar processos de sinalização celular e a atividade de algumas enzimas relacionadas com o crescimento tumoral. Numerosos estudos já concluídos demonstraram que a curcumina pode ser benéfica para o tratamento do cancro da pele, o colorrectal, o pancreático, entre outros. Atualmente continuam os ensaios clínicos com a curcumina, assim como a procura de substâncias análogas que apresentem melhor biodisponibilidade e eficácia no tratamento do cancro.
A daunorrubicina é da família das antraciclinas. É um antibiótico segregado por bactérias do género das estreptomicinas, a Streptomyces peucetius e a Streptomyces caeruleorubidus. A sua interação com o ADN, conseguindo intercalar-se nas cadeias da molécula e inibindo a biossíntese de outras moléculas, foi a primeira pista que os cientistas tiveram a favor da hipótese de que muitos fármacos acuam por afinidade para o ADN. Sabe-se que a daunorrubicina é capaz de induzir a apoptose em células de Jurkat. É utilizada para regular o crescimento de tumores em quimioterapia administrada juntamente com outros medicamentos e, comprovou-se a sua eficácia em pacientes com VIH que sofram do sarcoma de Kaposi.
A mitomicina C é um antibiótico isolado das estreptomicinas, como a daunorrubicina, neste caso das espécies S. caespitosus e S. lavendulae. Contém, na sua estrutura, um núcleo de mitosano, comum a todas as mitomicinas. A sua eficácia como anticancerígeno foi comprovada contra diversos tipos de cancro, no entanto, é um fármaco que tem de ser administrado por ciclos, com intervalos de tempo prolongados, pois pode produzir danos na medula óssea. É utilizado para sintetizar outros agentes anti tumorais e para o estudo da apoptose induzida por moléculas que atuam diretamente sob a ação da caspasa-3. A mitomicina C une-se aos resíduos de guanina do ADN e provoca a morte de células malignas para o organismo.
O ácido trans retinóico é sintetizado nos mamíferos a partir do beta-caroteno, substância exógena que se obtém a partir dos vegetais. Este composto está implicado na transcrição de genes, é indispensável para o crescimento normal das células epiteliais e a sua regulação e induz também a diferenciação celular. Pensa-se que para o desenvolvimento dos tumores seja necessária uma redução dos sinais dos retinoides, já que estes compostos impedem o crescimento. Baseando-se neste facto, os investigadores começaram os testes para a utilização da tretinoína como anticancerígeno. Utiliza-se conjuntamente com fármacos quimio-terapêuticos convencionais, assim como reguladores da ADN-metiltransferase e inibidores da histona-diacetilase.
Biotina Phostag | Matriz celular do tipo I-A | Acrilamida Phostag |