5 tipos de compostos relacionados com a hiperlipidémia

5 tipos de compostos relacionados com a hiperlipidémiaA patologia conhecida como hiperlipidémia (caracterizada por níveis elevados de lípidos) está associada a doenças cardiovasculares e, em particular, às do tipo aterosclerótico. Os depósitos de colesterol nas paredes das artérias é considerado uma das principais causas de formação das placas ateroscleróticas. A elevação dos diferentes tipos de lípidos no sangue pode dever-se a fatores genéticos ou ambientais, principalmente a maus hábitos alimentares e ao sedentarismo. A hiperlipidémia é uma das doenças relacionadas com o estilo de vida dos indivíduos e cuja prevalência é muito elevada, motivo pelo qual o seu estudo é prioritário para os profissionais no campo da biomedicina.

Relativamente à investigação relacionada com as hiperlipidémias podemos distinguir várias linhas de estudo: desenvolvimento de fármacos para combater a doença, hábitos saudáveis para prevenção do aumento da concentração de lípidos nocivos para o organismo, investigação de terapias alternativas para pacientes que por razões alérgicas ou interação com outros medicamentos não se lhes pode prescrever os fármacos comuns, causas e mecanismos metabólicos que intervêm na hiperlipidémia e relação com outras patologias.

Diversos estudos demostraram que a redução das lipoproteínas de baixa densidade, conhecidas como colesterol LDL ou “mau colesterol”, no plasma diminui o risco de morte com causa nas doenças cardiovasculares, enquanto que níveis altos de colesterol de elevada densidade se associam a um menor índice de acidentes cardiovasculares. Apesar das doenças cardiovasculares dependerem de diversos fatores, a hiperlipidémia é um dos aspetos a controlar em pessoas com risco cardiovascular ou que desejem aderir a um estilo de vida saudável para prevenir possíveis doenças.

Neste artigo serão descritos 5 tipos de compostos químicos que são utilizados em estudos sobre as hiperlipidémias. Estes atuam segundo 5 diferentes mecanismos:

  • Inibição da reductase HMG-CoA.
  • Potenciação do catabolismo do colesterol.
  • Inibição da absorção de colesterol.
  • Ativação da lipase lipoprotéica (LPL).

Atualmente as investigações com estes compostos visam a descoberta de novos fármacos para o tratamento de pessoas com alterações genéticas que estejam propensas ao desenvolvimento de hiperlipidémias ou aquelas que já as possuam. Compreender a fundo todos os mecanismos envolvidos nas hiperlipidémias, assim como a prevenção e a cura destas doenças é uma necessidade nos dias que correm devido ao número de mortes resultantes de doenças cardiovasculares.

1. Lovastatina

A lovastatina é um tipo de estatina, grupo de medicamentos ao que também pertencem a sinvastatina e a pravastatina, comercializada pela Wako. As estatinas são um dos tipos de fármacos mais utilizados no tratamento da hipercolesterolémia. Considera-se que a lovastatina é uma das moléculas mais eficazes no tratamento de doentes com níveis elevados de colesterol LDL, já que diminui a sua concentração no sangue e, além disso, como já está comprovado, diminui o risco de desenvolvimento de doença coronária nos pacientes aos quais é prescrita. Este composto atua por inibição competitiva das 3 – hidrox i- 3 - metilglutaril coenzima A reductase (HMG - CoA), responsável por mediar a síntese de colesterol. A lovastatina é capaz de inibir a formação do precursor do colesterol no fígado e ativa recetores de colesterol LDL fazendo com que se elimine do plasma as moléculas já sintetizadas.

2. Clofibrato

Os triglicéridos são o tipo de gordura mais comum no organismo humano e são as moléculas que, juntamente com as lipoproteínas de baixa densidade, em concentrações elevadas provocam o aparecimento de placas ateroscleróticas. O clofibrato integra os medicamentos ditos fibratos que são utilizados para diminuir os níveis de triglicéridos em pacientes com uma elevada concentração plasmática destes ácidos gordos.

O clofibrato, assim como os outros fibratos, é capaz de induzir a lipólise das lipoproteínas e reduzir a produção hepática de triglicéridos ao diminuir os níveis da proteína transportadora de ácidos gordos no fígado. Uma das consequências do tratamento com clofibrato pode ser o aumento de partículas de colesterol de baixa densidade que, apesar de poder ser catabolizado pelos recetores de colesterol LDL pode ser um inconveniente à prescrição deste fármaco em pessoas já com hipercolesterolémia. Por outro lado, o clofibrato estimula tanto a produção de “colesterol bom” ou de elevada densidade como o transporte reverso de colesterol, que, de qualquer das formas, é um benefício indiscutível do composto. A Wako também comercializa outro composto pertencente ao grupo dos fibratos, o bezafibrato, que atua de maneira semelhante ao clofibrato e é utilizado em investigações da hiperlipidémia.

3. Probucol

O probucol reduz os níveis de colesterol através da sua ação no aumento do catabolismo das gorduras. Considera-se que este fármaco é capaz de inibir a oxidação do colesterol, processo que permite a sua acumulação nas artérias sob a forma de colesterol de baixa densidade. Os macrófagos, recrutados após a oxidação do colesterol, participam na formação das placas ateroscleróticas, pelo que o consumo de probucol também tem atividade anti-aterosclerótica. Além disso, o probucol altera o metabolismo do colesterol de elevada densidade, reduzindo os seus níveis. Esta última característica pode ser, em alguns casos, condicionante para a seleção do probucol como fármaco para o tratamento de hiperlipidémias em pacientes com níveis reduzidos de colesterol de elevada densidade.

4. β-Sitosterol

O β-sitosterol é um fitoesterol pois trata-se de um composto da família dos esteróis encontrado nas plantas. Os fitoesteróis têm um amplo espetro de bioatividade, são utilizados para tratar e prevenir o cancro nos seres humanos e para diminuir o colesterol no sangue. Particularmente, o β-sitosterol é muito utilizado para tratar a hiperplasia benigna da próstata e a hiperlipidémia. Este composto atua inibindo a absorção do colesterol, já que as suas semelhanças estruturais permitem-lhe competir face aos recetores intestinais. A diminuição do colesterol no sangue provoca a diminuição do risco de doenças cardiovasculares e aterosclerose em pessoas que consomem β-sitosterol como parte integrante da sua dieta ou que o ingerem para tratar a hiperlipidémia, em alguns casos juntamente com a lovastatina ou uma outra estatina.

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Além disso, o β-sitosterol é objeto de muitas investigações porque também provoca uma diminuição dos níveis de triglicéridos e o seu consumo não tem contraindicações para a maior parte das pessoas, pode ser utilizado como complemento alimentar ou simplesmente ser obtido através do consumo de vegetais ricos em fitosteróis como as nozes.

5. Dextran sulfato de sódio

O dextran sulfato de sódio é capaz de ativar a lipase lipoprotéica, enzima responsável por hidrolisar os triglicéridos nos respetivos ácidos gordos e glicerol. Em alguns pacientes, a hiperlipidémia é causada por uma diminuição de atividade das lipases lipoprotéicas, pelo que nestes casos será possível tratar a patologia com um composto como o dextran sulfato. Desenhou-se também um sistema de aférese para eliminar as lipoproteínas de baixa densidade utilizando colunas de dextrano com este sistema já foram tratadas pessoas com hipercolesterolémia familiar que têm probabilidades elevadas de sofrer doenças cardiovasculares desde muito jovens, tratando-se de um tratamento mais eficaz do que os fármacos. Este composto é também um acelerador da hibridação dos ácidos nucleicos.

Bibliografia

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